Poemas de João Cabral de Melo Neto
como um sol imóvel
diante da folha em branco:
princípio do mundo, lua nova.
sequer uma linha;
um nome, sequer uma flor
desabrochava no verão da mesa:
cada dia comprado,
do papel, que pode aceitar,
contudo, qualquer mundo.
em sua mesa, tentando
salvar da morte os monstros
germinados em seu tinteiro.
de palavras, circulando,
urinando sobre o papel,
sujando-o com seu carvão.
da idéia fixa, carvão
da emoção extinta, carvão
consumido nos sonhos.
que o poeta evita,
luta branca onde corre o sangue
de suas veias de água salgada.
entre os gestos diários;
susto das coisas jamais pousadas
porém imóveis - naturezas vivas.
as águas salgadas do poeta
e de que se servirá o poeta
em sua máquina útil.
de que conhece o funcionamento,
a evaporação, a densidade
menor que a do ar
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QUE SEJA ETERNO, ENQUANTO DURE.
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O PREÇO DA FLOR- MALLU MAGALHÃES.
Onde anda você.-Vinícius de Moraes.
Onde andam seus olhos que a gente não vê
Onde anda esse corpo
Que me deixou louco de tanto prazer
E por falar em beleza onde anda a canção
Que se ouvia na noite dos bares de então
Onde a gente ficava,onde a gente se amava
Em total solidão
Hoje eu saio na noite vazia
Numa boemia sem razão de ser
Na rotina dos bares,que apesar dos pesares,
Me trazem você
E por falar em paixão, em razão de viver,
Você bem que podia me aparecer
Nesses mesmos lugares, na noite, nos bares
Onde anda você?
A CIDADE IDEAL- CHICO BUARQUE
A cidade ideal dum cachorro
Tem um poste por metro quadrado
Não tem carro, não corro, não morro
E também nunca fico apertado
GALINHA
A cidade ideal da galinha
Tem as ruas cheias de minhoca
A barriga fica tão quentinha
Que transforma o milho em pipoca
CRIANÇAS
Atenção porque nesta cidade
Corre-se a toda velocidade
E atenção que o negócio está perto
Restaurante assando galeto
TODOS
Mas não, mas não
O sonho é meu e eu sonho que
Deve ter alamedas verdes
A cidade dos meus amores
E, quem dera, os moradores
E o prefeito e os varredores
Fossem somente crianças
Deve ter alamedas verdes
A cidade dos meus amores
E, quem dera, os moradores
E o prefeito e os varredores
E os pintores e os vendedores
Fossem somente crianças
GATA
A cidade ideal de uma gata
É um prato de tripa fresquinha
Tem sardinha num bonde de lata
Tem alcatra no final da linha
JUMENTO
Jumento é velho, velho e sabido
E por isso já está prevenido
A cidade é uma estranha senhora
Que hoje sorri e amanhã te devora
CRIANÇAS
Atenção que o jumento é sabido
É melhor ficar bem prevenido
E olha, gata, que a tua pelica
Vai virar uma bela cuíca
TODOS
Mas não, mas não
O sonho é meu e eu sonho que
Deve ter alamedas verdes
A cidade dos meus amores
E, quem dera, os moradores
E o prefeito e os varredores
Fossem somente crianças
Deve ter alamedas verdes
A cidade dos meus amores
E, quem dera, os moradores
E o prefeito e os varredores
E os pintores e os vendedores
As senhoras e os senhores
E os guardas e os inspetores
Fossem somente crianças
HOJE É DOMINGO
Pé de cachimbo
O cachimbo é de ouro
Bate no touro
O touro é valente
Bate na gente
A gente é fraco
Cai no buraco
O buraco é fundo
Acabou-se o mundo!
Hoje é domingo
Pede cachimbo
O cachimbo é de barro
Bate no jarro
O jarro é de ouro
Bate no touro
O touro é valente
Bate na gente
A gente é fraco
Cai no buraco
O buraco é fundo
Acabou-se o mundo
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Pagode x Rock: Amor em debate.
Estava lendo uma postagem muito interessante no blog Sociedade Dionisíaca a respeito do Amor , cantado, lido e poetizado:
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DESTINO.
Quando o tempo me despir
e estando nu de minhas vaidades,
melindres inúteis,
mágoas cancerígenas,
sem nome, sem amor...
Como me apresento,
se houver um lugar,
sem saber quem sou?
Encontrarei outros,que como eu,
sequer tem uma tatuagem?
Milton Filho, 2010-12-12
FELIZ 2011
Cristo tornou-se obediente por nós
usque ad mortem, mortem autem crucis.
até a morte, e morte de cruz.
Propter quod et Deus exaltavit illum
Por causa disso Deus O exaltou
et dedit illi nomen,
e conferiu a Ele o nome
quod est super omne nomen.
que está acima de todo nome.
A TODOS OS MEUS AMIGOS E FAMILIARES UM FELIZ 2011.
Roner S Gama
Só de Sacanagem.
Tudo isso que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro. Do meu dinheiro, do nosso dinheiro que reservamos duramente pra educar os meninos mais pobres que nós, pra cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais. Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais. Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta a prova? Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais? É certo que tempos difíceis existem pra aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz. Meu coração tá no escuro. A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e todos os justos que os precederam. 'Não roubarás!', 'Devolva o lápis do coleguinha', 'Esse apontador não é seu, minha filha'. Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar! Até habeas corpus preventiva, coisa da qual nunca tinha visto falar, sobre o qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará! Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear! Mais honesta ainda eu vou ficar! Só de sacanagem!
Dirão: 'Deixe de ser boba! Desde Cabral que aqui todo mundo rouba!
E eu vou dizer: 'Não importa! Será esse o meu carnaval! Vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos.'
Vamo pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo, a gente consegue ser livre, ético e o escambal.
Dirão: 'É inútil! Todo mundo aqui é corrupto desde o primeiro homem que veio de Portugal!'
E eu direi: 'Não admito! Minha esperança é imortal, ouviram? Imortal!'
Sei que não dá pra mudar o começo, mas, se a gente quizer, vai dar pra mudar o final!
Qu@ndo te vejo.
Qu@ndo te vejo, te leio,te sinto
Repentino me sinto de desejo instruído
pelo que te vejo, te leio, te sinto
É a viril carne que não pensa,
parece pedra estéril,
Mas está quente, ativa
pela vida que pulsa
Qu@ndo te vejo, te leio, te sinto
Havendo vida, haverá desejo.
Sempre
Qu@ndo te vejo, te leio, te sinto.
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Desejos Vãos.
Que ri e canta, a vastidão imensa!
Eu queria ser a Pedra que não pensa,
A pedra do caminho, rude e forte!
O bem do que é humilde e não tem sorte!
Eu queria ser a árvore tosca e densa
Que ri do mundo vão e até da morte!
As árvores também, como quem reza,
Abrem, aos Céus, os braços, como um crente!
Tem lágrimas de sangue na agonia!
Mariza interpretando o belo poema.
Governo Desgovernado
GOVERNO DESGOVERNADO
Governo desgovernado e o povo amealhado
Governo desgovernado e o povo vaiado
Governo desgovernado e o país mijado
Governo governado por políticos adequados
Governo governado pela prática adequada
Governo governado por governo democrático
Governo governado pelo inadequado
Os desgovernados governam o governo desgovernado
O Governo do capital, o capital do governo ,a descapítalização da sociedade.
Governo de esquerda à esquerda,
Governo de direita à direita
e o povo sem semente.
Roner Gama
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Marisa Monte-Dança da solidão
Que cobre tudo
Amargura em minha boca
Sorri seus dentes de chumbo...
Cavada no coração
Resignado e mudo
No compasso da desilusão...
Desilusão, desilusão
Danço eu, dança você
Na dança da solidão...(2x)
Joana se apaixonou,
Maria tentou a morte,
Por causa do seu amor...
Meu filho tome cuidado,
Quando eu penso no futuro,
Não esqueço o meu passado
Oh!...
Danço eu, dança você
Na dança da solidão
Viu!
Desilusão, desilusão
Danço eu, dança você
Na dança da solidão...
Meu pensamento vagueia
Corro os dedos na viola
Contemplando a lua cheia...
Uma fonte de água pura
Quem beber daquela água
Não terá mais amargura
Oh!...
Danço eu, dança você
Na dança da solidão
Viu!
Desilusão, desilusão
Danço eu, dança você
Na dança da solidão...
Na dança da solidão...(2x)