TAGUATINGA AGUARDA OBRAS.
Na semana passada foi anunciado que Taguatinga teria mais de 50 obras e que "seria investidos R$ 17,2 milhões, sendo R$ 12,2 milhões de recursos da Secretaria de Obras e R$ 5 milhões da Administração de Taguatinga. As obras fazem parte do pacote de mais de 300 obras no DF." Bom, até agora não vi nenhuma dessas obras sendo iniciada.
Aliás, a cidade está precisando não apenas de obras, mas de fiscalização de trânsito, fiscalização da AGEFIS(orgão de fiscalização do GDF) nos milhares de bares e quiosques que funcionam madrugada adentro importunando a vizinhança com a barulheira.
Marcadores: política
Poemas de João Cabral de Melo Neto
1.
Toda a manhã consumida
como um sol imóvel
diante da folha em branco:
princípio do mundo, lua nova.
como um sol imóvel
diante da folha em branco:
princípio do mundo, lua nova.
Já não podias desenhar
sequer uma linha;
um nome, sequer uma flor
desabrochava no verão da mesa:
sequer uma linha;
um nome, sequer uma flor
desabrochava no verão da mesa:
nem no meio-dia iluminado,
cada dia comprado,
do papel, que pode aceitar,
contudo, qualquer mundo.
cada dia comprado,
do papel, que pode aceitar,
contudo, qualquer mundo.
2.
A noite inteira o poeta
em sua mesa, tentando
salvar da morte os monstros
germinados em seu tinteiro.
em sua mesa, tentando
salvar da morte os monstros
germinados em seu tinteiro.
Monstros, bichos, fantasmas
de palavras, circulando,
urinando sobre o papel,
sujando-o com seu carvão.
de palavras, circulando,
urinando sobre o papel,
sujando-o com seu carvão.
Carvão de lápis, carvão
da idéia fixa, carvão
da emoção extinta, carvão
consumido nos sonhos.
da idéia fixa, carvão
da emoção extinta, carvão
consumido nos sonhos.
3.
A luta branca sobre o papel
que o poeta evita,
luta branca onde corre o sangue
de suas veias de água salgada.
que o poeta evita,
luta branca onde corre o sangue
de suas veias de água salgada.
A física do susto percebida
entre os gestos diários;
susto das coisas jamais pousadas
porém imóveis - naturezas vivas.
entre os gestos diários;
susto das coisas jamais pousadas
porém imóveis - naturezas vivas.
E as vinte palavras recolhidas
as águas salgadas do poeta
e de que se servirá o poeta
em sua máquina útil.
as águas salgadas do poeta
e de que se servirá o poeta
em sua máquina útil.
Vinte palavras sempre as mesmas
de que conhece o funcionamento,
a evaporação, a densidade
menor que a do ar
de que conhece o funcionamento,
a evaporação, a densidade
menor que a do ar
Marcadores: LITERATURA , Poesia
Nós e os outros.
Estava pensando nas diversas pessoas que já passaram por minha vida. Sabe quando se está á toa e de repente nos sobrevem a imagem de alguém , de uma situação? Pois é , foi um desses momentos.Aí tentei fazer um flashback, relembrar nomes, rostos, ações e situações...
Foram muitas as lembranças; saudades de uns, raiva de outros e ao fim boas lembranças.Valeu a pena porque o que nos fica é a lembrança, boa ou ruim, o que aprendemos com cada um, o que passamos e sentimos com o outro.
Bom , creio que possa dizer o seguinte:
"CADA INDIVIDUO É O QUE VIVE E O QUE SENTE."
Roner Gama
QUE SEJA ETERNO, ENQUANTO DURE.
Pensei em ti, pensei em mim
Senti você, lembrei de nós
Fotografia "congelada" em minha memória
Desejo que este sonho
seja eterno,para que eterna
seja você
Para que eterno seja o que sinto
por ti, por mim
(Gamatustra)
Marcadores: Poesia
O PREÇO DA FLOR- MALLU MAGALHÃES.
Qual preço dessa flor
Que vem de um lote enumerado
Fabricação no estado do Rio
E tem
Alfinete tão fechado
Tão desacostumado com o frio
Mas encondo o desejo
Escolho no bairro
Um lugar de esconder
E vai
Mais um quase beijo
Porque só a noite cobre
Os defeitos do ser
Qual preço dessa flor?
Que vai entre os tantos fios
De cabelo nos vazios de cor
E cai se o vento sopra a prova
Que a boca seca tem seu sabor
Mas encolho os dedos
E aperto nos olhos
O medo do fugir
E vai
Mais um quase toque
Na pele que arde
De tanto fingir
Qual preço dessa flor?
Que cai do lote enumerado
Sem fabricação ou estado de Rio
E tem
Alfinete tão fechado
Tão desacostumado com o frio
Mas encolho os dedos
E aperto em olhos
O medo de fugir
E vai
Mais um quase toque
Da boca que arde
De tanto fingir
Sem traços estereotipados, o sotaque do brasiliense começa a ser desenhado
Embora a sensação seja de que não é possível identificar instantaneamente a característica do falar do brasiliense, quem vive em Brasília já começa a desenhar uma pronúncia diferenciada. Com tanto sotaque misturado, de norte a sul do país, a solução foi procurar um denominador comum. Mesmo quem veio para a capital federal adulto não fala mais como os conterrâneos, e quem nasceu em Brasília tende a não puxar nenhuma marca regional saliente, como o R acentuado do interior do Brasil ou o S chiado do carioca. “Eu sou mineiro e tenho vizinho do Maranhão, do Piauí. Quando vejo, estou falando meio misturado”, disse o corretor Fabrício Afonso de Lima, 23 anos, que mora em Brasília desde os seis.
A falta de uma marca “estereotipada” pode ser o nascimento de um falar tipicamente candango, destaca Stella Maris Bortoni-Ricardo, professora da Universidade de Brasília e uma das autoras do livro O falar candango. Para ela, os diferentes sotaques se ajustam no intuito de facilitar a comunicação. “O contato de culturas diferentes favorece a perda das peculiaridades mais típicas. No fim, o falar de Brasília fica como o da mídia”, afirma. Foi o que ocorreu com a bioquímica paraibana Ticiane Raquel Costa Guerra, 41 anos. Nos 14 anos de Brasília, ela perdeu as contas das vezes em que precisou repetir seu nome até as pessoas compreenderem o que dizia. Para evitar esse tipo de situação, preferiu suavizar o sotaque paraibano. “Me chamavam de Viviane, Cristiane, mas Ticiane, nunca. Agora, mudo a pronúncia do T para me compreenderem.” Hoje, seu filho, nascido na capital, já não fala mais como ela. “Ele me chama de mãe, e não de mainha.”
Além de amenizar as pronúncias regionais, o estilo candango de falar tem gírias próprias, como “véi”, também utilizada em outras regiões. “Se eu estiver em outro lugar do Brasil, só vou saber se a pessoa é ou não brasiliense se ela soltar uma gíria”, constata o brasiliense João Gabriel Lemos Rios, 23 anos. Outra característica da pronúncia candanga que chamou a atenção da goiana Thais Fernandes, 31, há um mês em Brasília, foi a tradição de cortar as palavras — como “churras” e “cerva” — e, ao mesmo tempo, falar a frase completa e muito correta . “Em Minas e em Goiás, a gente soma tudo e vai atropelando a frase”, afirma.
A sentença completa e correta observada pela bioquímica e as gírias ligadas a fatos da cidade e às línguas estrangeiras constituem a tendência local de buscar a urbanidade como referência da fala. A professora Stella explica que o ar cosmopolita da fala do brasiliense se dá por dois motivos. O primeiro é porque Brasília não aceita ser uma cidade ligada às raízes rurais: “Brasília sempre rejeitou ser capital interiorana. Na época da fundação, a imprensa do Rio dizia que aqui era terra de índio, tinha muita cobra, e Brasília seria uma capital do interior, de caipiras”. O outro fator é o alto poder aquisitivo da população, o que garante a frequência de acesso a viagens dentro do Brasil e ao exterior, onde se convive com diferentes pronúncias.
Adaptações
A professora destaca também que, apesar da diversidade, alguns sotaques não são bem recebidos em Brasília e, de maneira involuntária, os falantes os vão deixando de lado. A recifense Kilma Anne Lima dos Santos, 31 anos, está há nove meses na cidade e conta que demorou a conseguir emprego por causa do sotaque. “Eu passava em todas as etapas, mas, chegava à entrevista, era desclassificada. Cheguei a ficar treinando com meu marido algumas frases”, conta a secretária. A fonoaudióloga Jane Kátia Quintanilha diz que recebe em seu consultório pacientes interessados em diminuir o sotaque, de olho no preconceito e na vida profissional. “O sotaque do adulto é difícil de tirar. Tive uma paciente de Goiás que queria amenizar o R para facilitar a sociabilização”, contou.
Toda linguagem muda de acordo com a posição social e geográfica, mas, no caso de Brasília, essa diferença se torna mais evidente porque cada região foi habitada por grupos diferentes do Brasil. De acordo com o estudo da professora Ana Vellasco publicado no livro O falar candango, os jovens de Ceilândia, por exemplo, falam diferente dos do Plano.
Assim como Brasília, capitais como Belo Horizonte e Goiânia também foram planejadas, e as populações surgiram a partir da chegada de migrantes. Porém, eles vinham das proximidades e com pronúncias parecidas, o que facilitou a formação de um falar comum. Em Brasília, a diversidade de sotaques e o fluxo migratório ainda intenso impedem que, de imediato, nasça um sotaque característico. “Aqui é gente do país todo, o contato é mais variado, de lugares distantes”, explica a professora Stella.
Além da variedade de sotaques, os 51 anos de Brasília a colocam como uma cidade jovem. Um sotaque se forma ao longo de várias gerações. No Brasil, os sotaques mais consolidados são os que marcam as cidades fundadas no período colonial, algumas com mais de 400 anos.
Variantes regionais
O sotaque é a maneira como uma pessoa pronuncia determinados fonemas em um idioma ou grupo de palavras. É a variante própria de uma região, classe ou grupo social, etnia, sexo, idade ou indivíduo, em qualquer grupo linguístico, e pode-se caraterizar por alterações de ritmo, entonação, ênfase ou distinção fonética.
Linguagem brasileira
O movimento de fusão de sotaques na construção de uma nova pronúncia, como em Brasília, também ocorreu em outros lugares e idiomas. Após a Segunda Guerra Mundial, as populações alemãs do leste comunista do país que imigraram para o oeste capitalista foram abandonando, aos poucos, os dialetos regionais. Mesmo os moradores nascidos na parte oeste adotaram uma norma coloquial mais neutra e acessível aos recém-chegados. Da mistura, surgiu uma variedade padronizada de falas, em que as tendências regionais se nivelaram e se tornaram diferentes da língua falada pelos moradores da parte oeste da Alemanha. Algo semelhante ocorreu no sul de Portugal no século 15, quando os mouros foram expulsos do território português. Os que tinham se refugiado no norte do país desceram para o sul, o que determinou a criação de um falar bem menos marcado do que o do norte de Portugal.
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