a verdade, o que estamos semeando se chama depressão. Sem produção não há arrecadação para custear a saúde e pagar o funcionalismo. Sem produção não se pagam impostos nem credores nem empregados.
Há
200 anos, o naturalista francês Auguste de Saint Hilaire, que percorreu o
Brasil por seis anos, advertiu: “Ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva
acaba com o Brasil”. Nestes tempos de recolhimento que nos fazem pensar, a
advertência continua atual. A formiga já está sobe controle, mas há muitas
saúvas que insistem em acabar com o país, ainda que depois da devastação nada
mais tenham para se sustentar. Entre elas está a saúva do masoquismo. Não
precisamos sofrer para pagarmos nossos pecados e ganhar a vida eterna. Se
ficarmos à mercê dos arautos do medo, seremos presa dessa saúva. Intimida e
reina.
Nesta
virose, aplaudimos enterros e corruptos e ignoramos heróis, Amyr Klink
atravessou remando sozinho o Atlântico Sul, na Namíbia à Bahia, que não lhe
caiu um único pedaço de papel picado nas grandes avenidas do país. A professora
Helley Batista deu a vida salvando 25 crianças, mas é uma desconhecida na
maioria das escolas brasileiras. Entregamos os impostos gerados pelo nosso
trabalho aos que saqueavam nossas estatais e serviços públicos e não apenas
ficamos calados, mas os reelegemos.
Agora,
o herói é o coronavírus. O Brasil está posto de joelhos diante dele. Virose,
neurose, psicose, são apenas rimas e não são a solução. Estão sendo cautelosos
os economistas que preveem uma profunda recessão se continuarmos assim. Na
verdade, o que estamos semeando se chama depressão. Sem produção não há arrecadação
para custear a saúde e pagar o funcionalismo. Sem produção não se pagam
impostos nem credores nem empregados.
Sem caixa, companhias aéreas não pagam combustível e não decolam. Sem
dinheiro, não se come. E dinheiro não cai do céu nem vem de graça como o vírus.
Municípios
com zero coronavírus foram paralisados por prefeitos com neurose agravada pela
proximidade da eleição municipal. Não há soluções simples. A Itália pôs todos
em casa, e os jovens levaram o vírus para os idosos acamados em domicílio. É preciso
proteger os de saúde já debilitada, e considerar que o Brasil é um país
continente. O que é preciso fazer em São Paulo ao será preciso no Pará. O que é
preciso fazer onde houver um único caso não será necessário em lugar sem
registro algum do vírus. Quase 30% da população da Itália são de idosos. Europeus ainda fumam muito;
nós estamos entre os países com menos fumantes, com menos gente de risco. Então,
é preciso a cada dia avaliar a atividade do vírus e a atividade econômica. E
dar a ambos a dose certa para preservar os brasileiros.
*Publicado
no Correio Braziliense, de 25 de março de 2020, caderno Política, p.3.
COMENTO
O presidente Jair Bolsonaro é muito espontâneo, um falastrão a bem da verdade. No entanto, nesse ponto especificamente devo concordar que a situação de paralisação do país é preocupante, pois pode nos levar a uma recessão pior do que a deixada pelo último governante petista.
Como bem ressaltado no texto, é preciso avaliar e monitorar a evolução epidêmica do Covid-19 concomitantemente ao desempenho da economia. Devemos nos lembrar que o país ainda possui milhões de miseráveis e desempregados. A paralisação de indústrias, comércio e serviços por um longo período deixará uma legado pior do que o Corona Vírus.
Aguardemos quais decisões governos estaduais e federal vão adotar para que possamos retornar às atividades de maneira tranquila, mas com responsabilidade.
Roner Gama
COMENTO
O presidente Jair Bolsonaro é muito espontâneo, um falastrão a bem da verdade. No entanto, nesse ponto especificamente devo concordar que a situação de paralisação do país é preocupante, pois pode nos levar a uma recessão pior do que a deixada pelo último governante petista.
Como bem ressaltado no texto, é preciso avaliar e monitorar a evolução epidêmica do Covid-19 concomitantemente ao desempenho da economia. Devemos nos lembrar que o país ainda possui milhões de miseráveis e desempregados. A paralisação de indústrias, comércio e serviços por um longo período deixará uma legado pior do que o Corona Vírus.
Aguardemos quais decisões governos estaduais e federal vão adotar para que possamos retornar às atividades de maneira tranquila, mas com responsabilidade.
Roner Gama