DIÁRIO DE PRÉ-CAMPANHA. HERMETO FECHA COM O PARTIDO HUMANISTA DA SOLIDARIEDADE (PHS) PARA DEPUTADO DISTRITAL
Aconteceu hoje, 04 de agosto, a filiação do ST HERMETO, policial militar e ex-administrador da Candangolândia-DF, ao PHS. Em presença do presidente nacional da legenda, Marcelo Aro, Hermeto assumiu o compromisso de se eleito, honrar com os compromissos assumidos com o eleitor, primeiramente, e com o PHS. De acordo com publicação no jornal "Poder no Quadrado" (2018) "o PHS é um dos partidos que mais crescem em número de votos em todo o
País. No caso do DF, foram 53 mil em 2010 e 63 mil em 2014, o que
representa um aumento de quase 20%. Neste ano, a previsão da sigla é de
que, juntos, os candidatos obtenham de 70 a 80 mil votos". Agora, é colocar as "sandálias" e rodar as cidades em busca de novos votos a incrementar sua eleição de 2014, ressalta o novo filiado JOÃO HERMETO.
# Hermeto2018#MuitomaisqueSegurança#
Por Roner Gama
A PARTEIRA MÃE BERÉ - POESIA
A PARTEIRA MÃE BERÉ Nunca se ouviu Beré dizer: “Quem pariu Mateus que o embalance”. Embalançaste quantos Mateus sem os ter parido algum? Com a porta entreaberta, o sorriso sem trinco, cantigas de rodas na calçada de crianças dos gerais e das caatingas; a orelha enfeitada com um simples brinco. Pra quem chega do sol de Barreiras sombra, água fresca de moringa e a saudação “seja bem-vindo”. A parteira espera no porto como quem espera um barco; espera de pé quem sentado está acomodado no amniótico saco; espera não quem bate à porta lá fora; espera quem de dentro quer vir para o mundo aqui de fora; quem quer respirar o ar de uma nova aurora. Espera (a parteira) quem bate à porta como o sol bate nas pálpebras; quem bate não com o murro que soca, quem bate dando chutes de dentro pra fora; quem se debate dentro do útero, às vezes único, ou em dupla, sêxtuplos, avisando que chegou a hora. A parteira espera sem pressa, espera sem fazer esforço; espera como quem espera a primavera apesar do outono que envelhece; espera sem forçar a barra (encontro do rio Grande com o rio São Francisco em Barra); sem querer usar a força do fórceps; sem querer meter os pés pelas mãos (as aguas claras e barrentas dos rios não se misturam) sem querer ser, sendo, entretanto, de uma multidão sua mãe de criação. Vieste dum riacho em Água Doce. Além da trouxa de roupa, trouxeste com açúcar e com afeto paciência para ver crescer os fetos prematuros ou de nove meses; espera (a parteira) cabeça, tronco e membros espera para o mês que vem janeiro, fevereiro, dezembro. Na cabeceira, à beira de Beré outras beiradeiras esperam. Rente com o pé no batente, a operária opera o trabalho de parto: bacia com água, álcool e algodão; as contrações aumentam; de dentro do ventre o rebento deixa o oxigênio da placenta pra respirar o ar do meio ambiente; tapa no bumbum do bebê; a parteira fez sua parte no parto: “novo barreirense!” O corte no cordão umbilical (andorinha-tesoura à flor d´água do rio Grande), galo cantando longe, três vezes; coto umbilical cortado e seco enterrado debaixo da roseira Mãe Beré evita dizer: “Quem pariu Mateus que o embalance” Por Clerbet Luiz
COMENTO
Clerbert Luiz é baiano, poeta de nascença, inspirado pelas figuras reais de seu cotidiano.
RG REVISORES ASSOCIADOS
Revisão de Trabalhos de Conclusão de Curso (artigos, teses e monografias); revisão de livros, apostilas, material para EAD e material publicitário em geral.
EDUCAÇÃO, A NOSSA PIOR MENTIRA. Por Pedro Lobato
O mundo não está parado nem andando devagar, como faz o Brasil. A maioria dos países já saiu, faz tempo, da crise que abalou a economia mundial a partir de 2008. E nós, só em 2017, conseguimos modesto crescimento de 1%, rompendo com uma recessão de dois anos seguidos. Perdemos muita energia discutindo se a roda deve ser redonda ou se vale a pena insistir na quadratura do círculo.
Temos velhos problemas a ser enfrentados e o atraso do Brasil em relação ao mundo desenvolvido só fez se agravar nos últimos anos. Em vez de insistir em soluções paliativas que rendem votos, é hora de descartar a demagogia e encarar com seriedade tudo o que tem nos impedido de ocupar o lugar que merecemos no mundo.
Esse é um lugar onde a pobreza é exceção e não regra, onde há estímulo para que se busque o conhecimento que torna o trabalho mais eficaz e a economia mais competitiva. Onde ninguém se orgulha de ser ignorante e se constata que país justo é também aquele em que vale a pena ser honesto.
Não será desafio pequeno para o Brasil ir além de uma recuperação modesta da economia. Na atual retomada dos negócios, as empresas mais importantes do mundo saíram da crise muito melhor do que entraram. Estão mais enxutas e, principalmente, mais equipadas tecnologicamente. O mundo vive uma nova revolução industrial em que máquinas trocam informação com outras máquinas e alcançam produtividade nunca vista, com um mínimo de perda de tempo e de insumos.
Temos velhos problemas a ser enfrentados e o atraso do Brasil em relação ao mundo desenvolvido só fez se agravar nos últimos anos. Em vez de insistir em soluções paliativas que rendem votos, é hora de descartar a demagogia e encarar com seriedade tudo o que tem nos impedido de ocupar o lugar que merecemos no mundo.
Esse é um lugar onde a pobreza é exceção e não regra, onde há estímulo para que se busque o conhecimento que torna o trabalho mais eficaz e a economia mais competitiva. Onde ninguém se orgulha de ser ignorante e se constata que país justo é também aquele em que vale a pena ser honesto.
Não será desafio pequeno para o Brasil ir além de uma recuperação modesta da economia. Na atual retomada dos negócios, as empresas mais importantes do mundo saíram da crise muito melhor do que entraram. Estão mais enxutas e, principalmente, mais equipadas tecnologicamente. O mundo vive uma nova revolução industrial em que máquinas trocam informação com outras máquinas e alcançam produtividade nunca vista, com um mínimo de perda de tempo e de insumos.
Competição fica mais difícilOu seja, a automação e a digitalização elevaram o nível da competitividade global e é isso que vamos enfrentar se quisermos ter crescimento econômico capaz de, nos próximos anos, criar condições de eliminar a pobreza e reduzir a desigualdade social. É, portanto, inescapável preparar nossa juventude para esse mundo novo. Não podemos mais nos dar o luxo criminoso de continuar atirando ao desalento e ao subemprego a maior parte do nosso ativo mais precioso: as crianças e a porção jovem de nossa população.
“O sapo não pula por boniteza, mas por precisão”, nos ensinou Guimarães Rosa. Então, se não for por sabedoria, que seja por necessidade: é hora de parar de mentir que temos dado prioridade à educação. Ou não sabemos o que é prioridade, ou desconhecemos o que seja educação. Chega de enganação. Estatísticas de aumento de matrículas em qualquer nível é coisa fácil de produzir e de cantar em comícios. Mas educação é muito mais do que isso e, hoje, a baixa qualidade do que temos oferecido nas escolas se reflete no mau desempenho de nossas crianças em testes internacionais e no desinteresse de nossos jovens, campeões em evasão escolar.
Recente estudo realizado por especialistas da ONG Todos pela Educação concluiu que 55% das crianças brasileiras chegam praticamente analfabetas ao terceiro ano do ensino fundamental (oito anos de idade). E somente 65% vão concluir o ensino médio, assim mesmo, com baixa aprendizagem em matemática e português. A maioria (mais de 90%) não ingressará no ensino superior.
Não menos chocantes foram as conclusões de um longo estudo sobre a educação no Brasil, divulgado nas últimas duas semanas pelo Banco Mundial. Com base em dados do teste internacional Pisa dos últimos anos, especialistas daquele organismo multilateral concluíram que a qualidade do nosso ensino fundamental é tão baixa que o Brasil vai demorar 260 anos para atingir o nível educacional dos países desenvolvidos em leitura e 75 anos em matemática. Ou seja, a maioria dos nossos meninos e meninas de 15 anos não consegue entender o que lê e não sabe fazer contas.
Se não bastasse esse vexame, o Banco Mundial também apontou a existência de uma grave crise na preparação de nossos jovens de 19 a 25 anos (cerca de 25 milhões de pessoas). Mais da metade deles (52%) está fora da escola ou cursa série que deveria ter cursado dois ou três anos antes. É alto, entre eles, o número de jovens que se desinteressaram pela escola, por julgarem que os cursos não lhes acrescentavam conhecimento relacionado ao mercado de trabalho. A urgência em obter renda acabou prevalecendo sobre a qualificação para uma posição melhor no futuro. O resultado é que a maioria que parou de estudar não consegue ir além do subemprego.
Futuro em riscoA verdade é, portanto, que nunca entendemos que educação é parte fundamental da infraestrutura econômica de um país. Se antes era inconveniente esse descaso com a educação, agora se trata de colocar em risco nosso futuro, seja pelo tamanho de nosso atraso, seja pelo estágio de sofisticação da economia mundial. Hoje, mercado e produtividade são palavras chaves que a nova escola não pode mais perder de vista. O preconceito e um antiquado viés político que rejeitam esses conceitos têm deixado o Brasil em descompasso com o resto do mundo. Agora, ou preparamos nossos jovens para os novos padrões mundiais de competitividade ou teremos de nos conformar com o subdesenvolvimento de um pobre país exportador de produtos primários de baixo valor.
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Fonte: Correio Braziliense, 13 de março de 2018, caderno Brasil, p.5. Por Pedro Lobato, jornalista.
A era da pós-verdade. Por Mônica Sifuentes*
Todos os anos
o Dicionário Oxford, editado pela Universidade Britânica, elege a palavra que
foi mais usada naquele período. Em 2015, o dicionário não escolheu uma palavra,
mas o emoji de uma carinha chorando de rir, que foi o mais usado nas redes
sociais. Em 2016, escolheu o termo pós-verdade, eleito em razão da sua
prevalência no contexto de mentiras e boatos
que antecederam tanto o referendum
do Brexit com das eleições presidenciais norte-americanas. O dicionário
definiu-o como “relacionado ou denotando circunstâncias nas quais os fatos
objetivos são menos influentes na formação da opinião pública do que o apelo às
emoções e às crenças pessoais”.
Ou seja, não
é propriamente uma mentira, digamos, o que está contribuindo para formar a
opinião pública. É indiferença com a verdade: um momento em que as notícias são
tantas e de tão variadas fontes que ninguém mais dá bola se elas têm fundamento
ou não. Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump é considerado
personificação da pós-verdade. Diz as coisas na mídia sem a menor cerimônia e
sem se preocupar em justificar nada. Quem quiser que acredite, ou não. Ele não
se importa. Ele constrói as notícias.
A pós-verdade
não é fenômeno novo. A fabricação dos fatos e as mentiras políticas são tão
velhas quanto o tempo. Muito antes que o mundo estivesse ligado em rede, elas
sempre foram utilizadas eficazmente como instrumento de persuasão por uma razão
bem simplória: os boatos atendem às crenças pessoais. Sua veracidade importa
pouco quando quem os ouve já tem entendimento ou preferências consolidados. Eles
simplesmente fazem eco àquilo que o ouvinte ou leitor de certo modo já
acredita. O fenômeno seguinte é comparado a uma bola de neve ―a proliferação da opinião pública
formada sem nenhuma base se transforma em uma notícia.
Aí reside o
perigo da pós-verdade: a sua vinculação com a manipulação política, com a
construção paulatina de convicções no corpo social, de modo a criar ambiente
propício para ditaduras de direita ou de esquerda. “A propaganda política busca
imbuir o povo, como um todo, com uma doutrina... A propaganda para o público em
geral funciona a partir do ponto de vista de uma ideia, e o prepara para quando
da vitória daquela opinião”. Para quem não se lembra da autoria desse luminoso
parágrafo, ele foi escrito por Adolfo Hitler em 1926, em seu livro Mein Kampf, no qual defendia o uso de
propaganda política para disseminar seu ideal de Nacionalismo Socialismo, que
compreendia o racismo, o antissemitismo e o antibolchevismo.
Estamos
vivendo na era da pós-verdade ou do pós-fato, em uma cultura política na qual o
debate é definido largamente pelos apelos à emoção e desconectados da
autenticidade das informações. Uma cultura que parece evitar deliberadamente o
seu embasamento em fatos sólidos. Outra técnica utilizada é a de pincelar os
dados em um contexto e chegar a qualquer conclusão que se queira. Qualquer
delas tem o mesmo efeito de criar confusão e deixar as pessoas em duvida sobre
tudo, inclusive sobre a veracidade das notícias reais.
Nesta época
de pós-verdade, os fatos se tornaram secundários, senão totalmente
irrelevantes. Convenhamos que, nesse estado de coisas, o exercício do senso
crítico do leitor é bastante dificultado, bombardeado que se encontra por uma
multiplicidade de informações dissonantes. A guerra pelo furo jornalístico
entre o órgãos de imprensa tem levado à publicação de notícias, causando no
leitor uma sensação de casa da mãe joana, que contribui par ao seu alheamento.
Em todo o
mundo, essa desanimadora diferença entre a verdade e o mito está espalhando
emoções deploráveis em direção a uma politica reacionária como, entre outros,
os sentimentos anti-imigração e anti-islâmicos. No Brasil, além disso,
informações desencontradas sobre a corrupção política, atreladas à crise
institucional pela qual o país está passando têm deixado de lado questões
fundamentais para o seu desenvolvimento econômico e social, tais como a
necessária reforma política, tributária, previdenciária e trabalhista, para
ficar nas mais visíveis. A questão aberta agora é como a convivência com essa
pós-verdade funcionará para a administração pública.
De qualquer
modo, a verdade, em si, já é uma palavra complexa. Com o prefixo pós acrescentado,
a complexidade piorou. Em verdade, fazendo um trocadilho, a verdade pode ter
muitas formas. O político mineiro José Maria Alkimin, famoso por suas tiradas
políticas inteligentes e espirituosas, certa vez disse que o importante não eram
os fatos, mas a sua versão. Os fatos, segundo ele, interessavam à história; aos
políticos apenas as versões seriam importantes porque produziam efeitos
emocionais na consciência política. O folclore diz que Alkimin foi confrontado
por Gustavo Capanema sobre a autoria da frase: “José Maria, você sabe que quem
disse isso primeiro fui eu, não você!”Ao que Alkimin imediatamente rebateu: “É
verdade, meu amigo! Isso comprova que você tinha razão”.
*Mônica Sifuentes é
Desembargadora Federal. Publicado no Correio Braziliense de 27 de maio de 2017.
Caderno Opinião, p. 13
Poema RECEITUÁRIO.
Receituário
De que fel preparava
as porções que servia?
O papel que rasgava
era eu que escrevia?
De que erva era o chá
que o bule fervia?
De que águas o mar
que cortava de fria?
De que sal o tempero
que azedava o meu dia?
De que fogo o luar
que furioso latia?
De que medos a tarde
mastigava e mordia?
De que arte marcial
o furor apreendia?
De que livro infernal
as lições consumia?
De que bem, de que mal
se chorava, se ria?
De que torvo quintal
suas flores colhia?
Reynaldo Jardim
Publicado no jornal Correio Braziliense em 22 de dezembro de 2016. Caderno Diversão e Arte. Coluna Tantas Palavras, por José Carlos Vieira.
A arte de fazer crônicas. Por Arnaldo Niskier*
"A crônica não é, portanto, apenas filha do jornal. Trata-se do antídoto que o próprio jornal produz. Só nele pode sobreviver, porque se nutre exatamente do caráter antiliterário do jornalismo diário."
O Rio
de Janeiro ganhou novo evento para celebrar literatura. O Salão Carioca do
Livro (LER), com o apoio da Fundação Cesgranrio, realizado no Pier Mauá, ocupou
com sucesso a região do Boulevard Olímpico. Com acesso gratuito ao público, a
programação celebrou a literatura em toda a sua diversidade. Coube a mim falar
sobre “A arte de escrever crônicas”.
“A
crônica não é um gênero maior”. Já escreveu Antônio Cândido. Graças a Deus,
completou o próprio crítico, porque, “sendo assim ela fica perto de nós”. Na
sua despretensão, humaniza. Fruto do jornal, onde aparece entre notícias
efêmeras, a crônica é um gênero literário que se caracteriza por estar perto do
dia a dia, seja nos temas, ligados à
vida cotidiana, seja na linguagem despojada e coloquial do jornalismo. Mais do
que isso, surge inesperadamente, como um instante de alívio para o leitor
fatigado com a frieza da objetividade jornalística.
De
extensão limitada, essa pausa se caracteriza exatamente por ir contra as
tendências fundamentais do meio em que aparece ̶ o
jornal diário. Se a notícia deve ser sempre objetiva e impessoal, a crônica é
subjetiva e pessoal. Se o jornal é frio, na crônica estabelece-se uma atmosfera
de intimidade entre o leitor e o cronista, que refere experiências pessoais ou
expende juízos originais acerca dos fatos versados. A crônica não é, portanto,
apenas filha do jornal. Trata-se do antídoto que o próprio jornal produz. Só
nele pode sobreviver, porque se nutre exatamente do caráter antiliterário do
jornalismo diário.
O
leitor pressuposto da crônica é urbano e, em princípio, um leitor de jornal ou
de revista. A preocupação com esse leitor é que faz com que, entre os assuntos
tratados, o cronista dê maior atenção aos problemas do modo de vida urbano, do
mundo contemporâneo, dos pequenos acontecimentos do dia a dia comuns nas
grandes cidades. Por esse motivo, é uma leitura agradável, pois o leitor
interage com os acontecimentos e, por muitas vezes, se identifica com as ações tomadas
pelas personagens.
Trata-se
de uma leitura que nos envolve, uma vez que utiliza a primeira pessoa,
aproximando o autor de quem lê. Como se estivesse em uma conversa informal, o
cronista tende a dialogar sobre fatos, às vezes até mesmo íntimos com o leitor.
Como o que podemos observar, ultimamente, nas crônicas do meu colega Acadêmico
Zuenir Ventura, ou do célebre cronista Luiz Fernando Veríssimo, do jornal O
Globo, nas quais eles citam as netas corriqueiramente. Quem nunca ouviu falar
em Alice ou Lucinda (netas de ambos, respectivamente)?
Nas
crônicas de grandes escritores, podemos verificar a exploração incansável das
potencialidades da língua. Manipulando recursos estilísticos e truques de
ficção, os textos breves alcançam os afetos de quem os lê, trabalhando como um
espião que nos passa o segredo da existência numa mensagem codificada – que é,
sem dúvida, literatura.
Rubem
Braga é um caso único de autor que entrou para nossa história literária
exclusivamente pela sua obra de cronista. Com uma visão entre lírica e irônica
da vida, e um estilo pessoal, ele conseguiu, como ninguém, dar nobreza
literária ao gênero, que passou a ser tratado em condições quase iguais ao seu
irmão mais elevado, o conto. Junto com Rubem Braga, na época áurea da revista Manchete, não posso deixar de citar
outros nomes célebres, que alavancavam as vendas da revista com seus textos
brilhantes: Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino e Henrique Pongetti, que
assinou por trinta anos uma coluna com uma crônica diária no jornal O Globo. Além desse quarteto, outro
exemplar de texto impecável entramos nos escritos de Carlos Heitor Cony, meu
colega acadêmico, que considero nosso melhor escritor, atualmente.
*Membro da Academia
Brasileira de Letras, professor Honoris Causa da Unicarioca, e presidente do
Ciee/ Rio.
Publicado no Correio
Braziliense, de 19 de dezembro de 2016. Caderno Opinião, p. 9.