VISÃO DO CORREIO*
A
sociedade brasileira, em sua esmagadora maioria, entendeu a gravidade
representada pela pandemia do novo coronavírus e respondeu, adequadamente, aos
apelos das autoridades e da comunidade médica para ficar dentro de casa e
apostar no isolamento social como forma de barrar a velocidade de contaminação
da enfermidade denominada COVID-19. O momento é de resguardar as pessoas mais
vulneráveis, os idosos e portadores de enfermidades como câncer, cardíacas e
com sistema imunológico fragilizado. Mesmo assim, no fim de semana, ocorreram
exceções, sobretudo por parte da faixa mais exposta da população aos
devastadores efeitos da doença, homens e mulheres acima de 60 anos que
insistiram em sair às compras nas farmácias e supermercados.
Medidas
restritivas, como o isolamento social, devem prevalecer. É sabido que a maioria
das pessoas vai contrair o vírus e, se todas ficarem doentes aos mesmo tempo,
os sistemas de saúde público e privado vão entrar em colapso e as equipes
médicas terão de decidir quem vai viver e quem vai morrer. Com o isolamento, a
contaminação será mais lenta e ão haverá falta de leitos e de respiradores nos
centros de tratamento intensivo (CTIs) dos hospitais. Essa triste realidade
está acontecendo na Itália e na Espanha, por exemplo, onde os óbitos são
contados aos milhares.
Deve-se
lembrar, também, que se houver superlotação nas unidades hospitalares por causa
do coronavírus, pessoas com outras enfermidades graves e vítimas de acidentes
não receberão atendimento. Ressalte-se que o sistema de saúde do país é
completamente deficiente em tempos normais, e, com a pandemia que se instalou
em praticamente todo o território nacional, a certeza é de que as dificuldades
serão bem maiores, inclusive com o estrangulamento do sistema de saúde em
determinado período, principalmente em São Paulo , Rio de Janeiro e Minas Gerais, os três estados mais populosos.
A previsão do
Ministério da Saúde é de que o pico dos casos se dará entre os dias 6 e 21 de
abril, o que significa que o grosso da contaminação está acontecendo agora. E
se intensificará nos próximos dias. Daí a importância de a população seguir em
isolamento social E se medidas mais duras tiverem de ser tomadas, não pode
haver hesitação por parte das autoridades, pois o pior dos mundos seria o
colapso do frágil sistema de saúde.
Pesquisas
recentes indicam que a maior parte dos brasileiros teme a pandemia e concorda
com as decisões adotadas por governantes estaduais e municipais, como o
fechamento das escolas, do comércio e do trasporte interestadual e, em muitos
casos, do intermunicipal. O controle das fronteiras já fechadas deve ser
rigoroso e se, a situação ameaçar fugir de controle, decisões mais restritivas,
como a quarentena em todo o país, devem ser tomadas imediatamente. Por tudo
isso, todos têm de permanecer em seus lares, sem alimentar o pânico e com
certeza de estar fazendo a sua parte em hora tão dramática.
*Publicado no Correio Braziliense de 23 de março de 2020. Caderno Opinião, p. 10
Ressalte-se que o sistema de saúde do país é completamente deficiente em tempos normais, e, com a pandemia que se instalou em praticamente todo o território nacional, a certeza é de que as dificuldades serão bem maiores, inclusive com o estrangulamento do sistema de saúde em determinado período, principalmente em São Paulo , Rio de Janeiro e Minas