Enorme
Brasil, heterogêneo Brasil, Primeiro Mundo do Sul, quinto no interior do Piauí.
Cinco mil municípios de nomes que ora despertam encantamento, ora hilaridade. E
até de lugares estrangeiros- você sabia que no Maranhão há uma cidade chamada
Nova Iorque, e foi lá que nasceu Aldemir Santana, presidente da Federação do
Comércio do DF?
Hoje
tratei das cidades de nomes curiosos, numa surpreendente viagem por estes
brasis. Se você duvidar do que vai ler agora, consulte o Anuário Estatístico do
IBGE e confira. Vamos partir.
Selecionamos
sonoridades cavas, mais soturnas. Manacapuru, (AM); Cururupu, (MA), Mulungu,
(CE), Jucurutu, (RN), Tuntum, (MA), Tururu, (CE), Jucurucu, (BA), Iuiú, (BA), e
Tacuru, (MS), até parece acachapante vaia, não é mesmo?
Agora,
estridências mais agudas. Piripiri, (PI), Piuí, (MG), ah, a Rede Mineira de
Viação, a famosa RMV (“Ruins Mas Vai”), apitando pelos campos das Alterosas!-
Paraí (RS), Naviraí, (MS), Caracacaí, (RR), e Heitoraí, (GO), aí, hein Heitor!
A explosão oxítona e alegre de Oriximiná,
(PA), Uauá, (BA); Quatingá, (PR); Quipapá, (PE), Cabrobó, (PE); Bodocó, (PE),
Orocó, (PE), e Chorrochó, (BA).
Mas
deixemos de lado os nomes de som curioso, vamos visitar lugares realmente estranhos.
Recomendando que você imagine como se chama quem nasce numa cidade dessas.
Quem
nasce em Esperantinópolis (MA), como deve ser tratado? Talvez de
esperantinopolitense, não é? E quem nasce em Canhotinho, (PE) é canhoto ou tem
que passar a sê-lo? E o natural de Catingueira, na Paraíba, será que fede mal?
E quem viu a luz pela primeira vez em Itaquaquecetuba, (SP) ? O dilema é saber
se esse justo cidadão é itaquaquecentubense ou itaquaquecetubano, oh, dúvida
cruel!
Também
vale a pena acasalar os nomes de alguns municípios pátrios. Afinal, não é
impossível que uma doce e virginal donzela paraense nascida em Curralinho se
apaixone por um guapo e impetuoso mancebo de Ponta Grossa, no Paraná. Trabalho
e dor de cabeça para os ginecologistas locais...
Ou o
rapaz nascido em Lagoa dos Gatos, (PE), que namora a menina de Arroio dos
Ratos, (RS). Um encontro detestável, marcado por muitos arranhões e vida
curta...
E
vai por aí a amena viagem pelo fascinante pindorama nacional. No caminho,
encontramos muitos olhos d’ água e interessantes nomes compostos como Oliveira
dos Batistas, (BA); Contendas de Sincorá, (BA), Timbaúba dos Batistas, (RN),
Rio Preto da Eva, (AM), Minador do Negrão, (AL), Coité do Nóia, (AL), Brotas de
Macaúbas, (BA), Brochier do Maratá, (RS), Santopólis dos Aguapeí, (SP), Axixá
do Tocantins, (TO), quanta surpresa ao longo da jornada!
Mas
em nosso diário anotamos também nomes absurdos. Douradoquara, (MG), Catas Altas
da Noruega, (MG), Brazabrantes, (GO), Trombudo Central, (SC), Bossoroca, (RS),
Zé Doca, (MA) Urucurituba, (AM), que
tal?
A
rica fauna brasileira aparece em Peixe-Boi, (PA), Tartarugalzinho, (MA),
Carrapateira, (PB), Jacaré dos Homens, (AL), Marimbondo, (AL), Papagaios, (MG)
e Anta Gorda, (RS), dentre tantos no gênero.
Outra
divertida leva reúne novas passagens: Passagem Franca, (MA), Passa e Fica,
(RN), Passa bem, (MG), Passa Quatro, (MG)- e Passa Vinte, (MG)! Como passa
gente nesse País!
E
por falar em passar, muito cuidado agora. Você vai conhecer Sombrio, (SC), Cruz
das Almas, (BA), Tremedal, (BA), Quartel Geral, (MG), Barra dos Bugres, (MT),
Não-me-Toque, (RS) e Bofete, (SP)! Abra o ollho!
Outras
cidades há de nomes aparentemente sem explicação. Em alguns, porém, até que dá
para entender: Braganey, no Paraná, é com certeza uma homenagem ao
ex-governador Ney Braga. E você sabia que existe uma formiga chamada uana?Pois
é, no velho Mato Grosso havia um lugar em que ela abundava. Sabe como se chama
hoje essa cidade? Literalmente Aquidauana, altiva e feliz no Centro-Oeste.
A
propósito, existe uma cidade chamada Feliz, no Rio Grande do Sul, outra chamada
Deserto, em Alagoas, mas a mais interessante é aquela que, digamos, melhor deve
acolher as grávidas deste País: Espera Feliz, em Minas Gerais. Tudo a ver com a
tradicional hospitalidade daquela plagas...
E
que dizer da estranha Montevidéu, em Goiás, de Amaral Ferrador, (RS), Pântano
Grande, (RS), Palma Sola, (PR), Jaboticatubas, (MG), Alpercata, (MG), e as
incríveis Nacip Raydan, (MG) e Sud Mennucci, (SP)?
O
trabalho deve ser árduo em Faina, (GO), e a riqueza certamente marca a
existência de lugares como Fartura, (SP), Áurea, (RS), Pastos Bons, (MA),
Cascalho Rico, (MG), e Fortuna de Minas, (MG). Em compensação, que pobreza
hídrica em Biquinhas, (MG); e que fedor em Borrazópolis, (PR).
Passamos
por Lagoa da Confusão, (TO), que, aliás, nada tem de confusa. Depois cruzamos
Rio Sono, (TO), Panelas, (PE); Luminárias, (MG), Rodelas, (BA), Bazaê, (BA),
Ibiassucê, (BA), e Calambau, (MG), berço de queridos amigos de Brasília.
De
olhos ainda arregalados concluímos a primeira parte da nossa jornada
tupiniquim. Semana que vem vamos deliciar-nos com os nomes bonitos, apenas
bonitos e, finalmente, vamos viajar ao exterior sem sair do País.
Grande
Brasil, curiosos Brasil!
Correio
Braziliense, 03 de outubro de 2015.
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